No dia 7 de Outubro tivemos o prazer de assistir à cerimónia de atribuição do nome Lídia Jorge à Biblioteca Municipal de Albufeira e em seguida a apresentação da obra "Contrato Sentimental" de Lídia Jorge.
Mais fotos: https://photos.app.goo.gl/MibBoizWrXUrIhQm2
A autora leu ainda alguns excertos do seu livro Contrato Sentimental.
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A autora leu ainda alguns excertos do seu livro Contrato Sentimental.
Contrato Sentimental (Sexto capítulo)
e concluiu com esta passagem da página 109:
LIVROS. 1.
"No que respeita aos livros, melhor será os silvicultores plantarem muitas árvores e os bombeiros defenderem-nas do fogo, pois eles serão de papel. E assim, quando sobrevoarem grandes extensões de floresta, e pensarem que elas continuam a ser a garantia da sobrevivência da Terra, por favor, guardem no vosso olhar uma pequena reserva, descontem aquela parte que a cada ano se abate, e a cada ano se replanta, tendo em conta a existência dos livros. Por algum motivo na nossa tradição a sobrevivência pessoal se associa à escrita de um livro e à plantação de uma árvore, e a esses dois actos se junta a concepção de um filho. No jogo do destrói/constrói, talvez não fosse errado assegurarmo-nos desse equilíbrio, para continuarmos, depois do trabalho, a sentarmo-nos num sofá com Margarida e o Mestre entre as mãos, sem sentirmos remorsos nenhuns."e
e concluiu com esta passagem da página 109:
"Páginas atrás, eu disse que os livros seriam de papel.
agora, pensando melhor, talvez tenha de me corrigir, aceitando que os livros, um dia, até poderão deixar de ser de papel. na hora da verdade, mais vale aceitar o princípio de que outras gerações poderão habituar-se a ler em ecrã táctil, fino e leve como um nada, e sendo da espessura de nada, contenha tudo lá dentro. Porque não falar desta suspeita?"